A qualidade da pulverização agrícola é fator ideal para que se alcance um manejo adequado de problemas fitossanitários no campo (doenças, plantas daninhas, insetos pragas e etc) e é consequência direta da correta escolha do bico (ou ponta) de pulverização.
De nada irá adiantar ter o bico mais caro e atual, em um pulverizador novo com inúmeras tecnologias embarcadas e de última geração, se o bico de pulverização não for adequado para o problema que se pretende controlar.
Uma vez selecionado o bico de pulverização adequado (ver post anterior "Como escolher bicos de pulverização") deve-se calibrar o bico corretamente considerando a realidade de cada caso.
Em resumo, a calibração deve incluir a checagem da vazão dos bicos de acordo com a pressão desejada levando em conta a velocidade de trabalho do pulverizador e o volume de aplicação a serem utilizados.
Após a calibração e aferição do equipamento pulverizador e da vazão do bico, inicia-se a avaliação da qualidade da pulverização como um todo:
1. Avaliação Visual
Ao se calibrar o equipamento e os bicos, é natural que já se avalie a pulverização de forma visual, olhando principalmente o alinhamento dos bicos de pulverização, a angulação deles na barra, o espaçamento entre bicos, a formação dos jatos de pulverização entre outros fatores.
O alinhamento de todos os bicos deve ser uniforme, de modo que não se tenha na barra bicos voltados para frente e outros voltados para trás, por exemplo. Algumas exceções podem ser consideradas caso algum jato do bico esteja entrando em contato com o equipamento ou com o rodado e, nesse caso, pode ser necessário alterar a direção de um ou outro bico.
A angulação dos jatos dos bicos também deve ser disposta de modo que os jatos pulverizados não se choquem diretamente. Hoje, a maioria das capas que são colocadas nos corpos de bicos já fazem o alinhamento correto para que não haja tal choque entre jatos, mas, de todo modo, é importante que se faça a verificação. O choque entre jatos de duas pontas pode, por exemplo, quebrar ainda mais as gotas produzidas aumentando o risco de deriva ou pode ainda, alterar a distribuição volumétrica da faixa pulverizada.
O espaçamento entre bicos deve ser padrão ao longo de toda a barra do pulverizador, não podendo haver variações em que alguns bicos estão espaçados a 30 cm enquanto outros estão a 50 cm, por exemplo.
Também é extremamente importante verificar a formação dos jatos produzidos por todos os bicos. As vezes um bico mesmo apresentando a vazão correta (L/min) não produz o formato e ângulo do jato condizente com o padrão necessário. Muitas vezes tal deformação no formato é resultado de uma simples obstrução dentro do orifício do bico de pulverização (pedra, areia, grânulo e etc).
2. Mesa de distribuição volumétrica (mesa de depósito)
O uso de mesas de distribuição é uma ótima opção para se avaliar a uniformidade da aplicação. Principalmente utilizadas para aplicações terrestres, as mesas de distribuição permitem uma análise rápida se a quantidade depositada de líquido/produto em um ponto é maior do que outro da faixa pulverizada.
Para se avaliar a uniformidade com a mesa de distribuição deve-se posicionar a mesa em baixo de uma parte da barra do pulverizador. Verifique se a altura de pulverização em relação à mesa condiz com a altura de trabalho real. Ligue o sistema de pulverização e espere alguns segundos, a depender da vazão dos bicos. O ideal é que o líquido encha cerca de 70 a 80% das provetas da mesa. Se preciso, posicione a mesa mais a frente ou mais atrás da barra para que o líquido pulverizado caia somente nas caneletas coletoras. Uma vez coletado, será possível avaliar a uniformidade da pulverização tanto visualmente quanto estatisticamente, se necessário.
A avaliação visual consiste basicamente de entender qual seção da barra está menos desuniforme para que se corrija o problema. Exemplo de causas de desuniformidades são bicos entupidos, obstruídos, desgastados ou com vazamentos. O intuito é o de se buscar a melhor uniformidade possível de modo que todas as provetas estejam preenchidas com um volume próximo.
A avaliação estatística, para casos mais específicos, consiste na leitura de cada proveta, em mililitros, por exemplo, para que se calcule o Coeficiente de Variação (CV%). Usualmente, valores de CV% de até 10% são aceitáveis para condições de campo. Compre sua mesa aqui para alavancar sua pulverização!
3. Papel Sensível à Água
Os papéis sensíveis à água, também conhecidos como papéis hidrossensíveis, são uma ferramenta muito utilizada por produtores, técnicos e agrônomos para realizar a avaliação da pulverização e especificamente, a avaliação da cobertura de pulverização.
Os papéis hidrossensíveis são extremamente sensíveis à umidade. São da cor amarela e quando sua superfície entra em contato com as gotas de pulverização, essas áreas do papel em contato com as gotas mudam de cor amarela para azul instantaneamente. Por serem muito sensíveis à umidade requerem cuidados para não ficarem expostos a umidade do ar, não entrar em contato com a pele (recomendado usar luvas ou então segurar o cartão pelos lados/arestas) evitando manchar o papel. Requerem também um tempo de secagem do papel após a exposição das gotas para melhores resultados, variando geralmente de alguns segundos até alguns minutos.
Seu uso é extremamente simples. Basta selecionar uma área que queira avaliar a cobertura no alvo e colocar o papel antes da pulverização. Pode ser na entrelinha da cultura, no baixeiro ou em uma área foliar da própria cultura ou até mesmo de uma planta daninha. Pode ainda ser posicionado em uma área fora da área de aplicação para se ter uma noção de riscos de deriva exagerados. Compre já o seu aqui!
4. Placa de Petri
O uso de placas de petri, por exemplo, ou outros recipientes de vidro com alta área superficial (qualquer vidro com abertura mais larga) pode ser usado para coletar as gotas pulverizadas e o depósito produzido. É uma ferramenta simples de ser utilizada para avaliar como está a cobertura, o depósito e o espectro de gotas sendo produzido pelos bicos pulverizadores, especialmente quando associado com corantes que facilitam o efeito visual das gotas dentro do recipiente.
5. Corantes Alimentícios/Fluorescentes
O uso de corantes alimentícios (ex: Azul Brilhante) ou corantes fluorescentes são excelentes ferramentas para se avaliar a pulverização visualmente. Os corantes alimentícios não são prejudiciais a saúde e são uma opção para conseguir avaliar visualmente a qualidade da pulverização como um todo de forma qualitativa. Até mesmo gotas menores são mais facilmente visualizadas quando utilizado corantes adequados para tal avaliação.
Outra opção é o uso de corantes fluorescentes (ex: Piranina) que auxiliam na avaliação visual da qualidade da pulverização, especialmente sob a luz negra em que é possível avaliar detalhadamente a distribuição do produto sobre o alvo. Tal opção produz um efeito muito bonito e didático quando avaliado com luzes e lanternas de luz negra.
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Autor:
PhD. Pedro Henrique Urach Ferreira - Especialista em Tecnologia de Aplicação Spraytech
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