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Qual o melhor momento para pulverizar?

Uma pergunta muito comum em todos que estão relacionados, de certa forma, a pulverizações agrícolas por todo o Brasil é "Qual o melhor momento para fazer realizar a pulverização?".

É uma ótima pergunta e a resposta deve considerar inicialmente dois fatores:
a presença ou ausência de pragas e doenças bem como as condições meteorológicas da região que será aplicada. Vamos começar pelo primeiro ponto.


Fonte: Getty Images

1. Presença ou Ausência de Pragas/Doenças

Antes de mais nada é preciso que se saiba se é realmente necessário ou não entrar pulverizando na área. Muitos produtores ainda realizam as aplicações de calendário, isso é, já programam durante a safra quantas aplicações irão fazer e quando irão aplicar.
Para fins de planejamento de custos até pode ser plausível estipular quantas vezes será necessário pulverizar uma determinada área mas dificilmente uma safra será igual à outra e, portanto, fixar um número de aplicações bem como sua data de aplicação não é aceitável. Cada ano e cada área terão suas características próprias relacionadas à época de aplicação e a pressão/incidência de certa praga.

Muitas vezes pensamos que estamos perdendo produtividade e dinheiro quando não foi possível realizar uma aplicação, seja por fatores climáticos (chuva, terreno molhado, vento) ou por questões da cultura e do problema alvo (cultura cresceu demais para entrar aplicando ou já se passou a janela de aplicação). No entanto poucas vezes damos importância para o quanto de produtividade e dinheiro foi perdido por ter se aplicado mais do que o necessário.
Todos sabemos dos altos custos envolvidos em uma pulverização, desde de o custo do produto, do diesel e manutenção do maquinário, da mão de obra do operador entre outros custos envolvidos. Não considerar todos esses pontos antes de iniciar uma aplicação é aceitar um alto risco.

Portanto, de modo geral, sempre que possível avalie a área a ser aplicada.
a) De fato chegou o momento da aplicação?
b) A quantidade de inseto-praga, daninhas ou infestação da doença é a mais propícia para entrar com uma aplicação?
c) Eu preciso de fato pulverizar toda minha área ou somente uma parte dela? 
d)Terei algum benefício preventivo aplicando nesse momento (exemplo: benefício preventivo no caso de protetores fúngicos por exemplo, ou benefício de um residual com herbicidas pré-emergentes)? 

Se sua resposta for sim, então podemos entrar para o segundo ponto que está relacionado ao melhor momento/condições meteorológicas para pulverizar.

Fonte: Cropaia

2. Condições Climáticas para a Pulverização

Seguindo todas as premissas da tecnologia de aplicação sempre devemos buscas a assertividade do produto no alvo na quantidade necessária com o mínimo de contaminação e perdas possíveis. Dito isso, as condições climáticas ótimas devem garantir que o produto pulverizado esteja chegando na quantidade certa sem promover grandes perdas (deriva, evaporação e etc).

Todas as bulas dos produtos fitossanitários incluem uma parte sobre a tecnologia de aplicação e sobre as condições ideais para ser realizar a aplicação, geralmente indicando velocidades de ventos de 2 até 8 km/h, umidade relativa do ar acima de 55% e temperatura menor que 30°. De fato essas condições meteorológicas são muito boas para realizar uma aplicação mas ainda assim não garantem uma boa pulverização. O tipo de bico, pressão, volume de aplicação, velocidade de trabalho entre outros fatores também são extremamente importantes para garantir uma adequada aplicação fitossanitária.

No entanto, apesar de a bula dos produtos fitossanitários recomendarem condições ideais para a pulverização, nós sabemos que dificilmente durante a safra sempre teremos condições assim para pulverizar. Certas regiões do Brasil ventam mais que outras, ou são mais quentes e secas do que outras partes. As vezes numa mesma área, uma parte da fazenda é mais alta e portanto venta mais, enquanto outra parte é mais baixa e venta menos mas acumula mais orvalho e umidade. São questões reais que precisam ser levadas em conta. 

Outra recomendação mais realista e que vem sendo cada vez mais utilizada é o uso do Delta T como parâmetro para pulverizações. O Delta T não é nada mais do que uma relação considerando tanto a umidade relativa do ar quanto a temperatura. De modo geral o Delta T considera o efeito da temperatura e da umidade, ou seja, se temperatura estiver extremamente alta, mas a umidade estiver também bem alta, por exemplo, o valor do Delta T pode indicar um bom cenário para se pulverizar. Segue a imagem a seguir mostrando a tabela do Delta T:

 

Fonte: Bureau of Meteorology, Austrália

Claro, num mundo ideal, sempre é melhor aplicar nas condições ótimas, mas e quando a pressão de uma certa doença começa a atingir fortemente sua lavoura e é necessário que se entre aplicando em no máximo 3 dias para evitar um grande estrago? Se as condições meteorológicas não forem as ideais, talvez ainda assim seja preciso pulverizar para evitar uma perda irreversível na cultura com essa doença em questão. 

Com o auxílio de um engenheiro agrônomo, de preferência, talvez seja possível tratar esse problema garantindo um controle adequado e com o mínimo possível de perdas. Se no caso, o problema maior é uma alta velocidade do vento, algumas estratégias podem funcionar, como a escolha de um bico de pulverização com tecnologia redutora de deriva (criaremos em sequência um post específico falando sobre estratégias para diminuir a deriva). Inclusive, temos excelentes opções de bicos anti-deriva em nossa loja, clique AQUI para conferir.

Exemplo de pulverização com deriva (esquerda) e pulverização sem deriva (direita) em que simples mudança de bicos pode resolver o problema.
Fonte Imagens: PAN e MME

Se nesse exemplo ainda, o problema for a baixa umidade, um ar muito seco por exemplo, ou a alta temperatura do ar, o aumento das gotas com bicos específicos e o uso de adjuvantes pode ajudar a diminuir a evaporação de pequenas gotas. 

Em resumo, o melhor momento para pulverizar será quando de fato for a época com infestação da praga-alvo ou quando for possível prevenir esse problema e quando as condições climáticas permitirem uma boa cobertura, depósito e penetração no alvo a ser aplicado em questão. Em relação às condições climáticas, existem ferramentas e tecnologias que, quando bem utilizadas, permitem pulverizações serem realizadas fora das condições ideais garantindo ainda sim um bom controle e o mínimo de perdas.

Boa sorte em suas pulverizações!

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Autor:

PhD. Pedro Henrique Urach Ferreira - Especialista em Tecnologia de Aplicação Spraytech


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